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Cohousing e coliving: moradias coletivas como ferramentas de socialização colaboram para manter uma vida ativa, saudável e independente é o sonho de qualquer pessoa que começa a percorrer a sua vida nos 50+.
O crescimento da urbanização, o alto preço das moradias em algumas regiões e a busca por um estilo de vida que estimule o convívio, a sustentabilidade e a solidariedade têm impulsionado dois movimentos importantes chamados cohousing e coliving.
O que é cohousing e coliving
Esses dois conceitos referem-se a um estilo de moradia em que as pessoas têm seu espaço privado, mas compartilham algumas áreas com outros residentes.
O conceito de cohousing (cohabitação) não é novo. Ele nasceu nos anos 1960, na Dinamarca, se espalhou pelo mundo inteiro nas últimas décadas, e vem aos poucos chegando ao Brasil.
Por aqui, o modelo de iniciativa privada mais adiantado é o realizado por grupo de professores aposentados da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que, desde 2013, trabalham na implementação da Vila ConViver. Diretrizes jurídicas e códigos de ética já foram desenvolvidos e aprovados pelo conjunto, que conta com 54 pessoas.
Ainda em 2021, participantes, como o professor aposentado Bento Carvalho Júnior, esperam morar no cohousing. Já em João Pessoa e em mais cinco municípios da Paraíba, o governo estadual implantou o projeto Cidade Madura, que é um conjunto de habitações populares (Minha Casa, Minha Vida) adaptadas e com serviços voltados exclusivamente para a comunidade idosa local.
Importante:Cohousing não tem nenhuma semelhança com casas de repouso ou moradias coletivas.
Esse é um modelo de moradia voltado à criação intencional de uma comunidade projetada para promover a conexão.
No cohousing, as pessoas moram em um mesmo terreno ou área. Cada morador tem sua casa completa, mas divide espaços públicos internos e externos – como jardim, cozinha comunitária, área de lazer etc.
Já no coliving as pessoas moram na mesma casa ou prédio e cada uma tem seus ambientes individuais (quarto, banheiro etc.), mas divide alguns recursos e espaços comuns – tais como cozinha, sala de estar, escritório entre outros.
Essa moradia compartilhada geralmente oferece um pacote com serviços e diferenciais inclusos. Desde lavanderia e provedor de internet, até espaços com móveis e decoração, prontos para morar.
Os residentes de coliving pagam, além do aluguel, taxas de outros serviços disponíveis na residência compartilhada.
O que difere esses dois movimentos
Uma das principais diferenças entre cohousing e coliving é a forma como os espaços individuais são divididos.
Enquanto o coliving acontece em um mesmo apartamento ou casa, o cohousing é formado por diferentes casas ou apartamentos, com a inclusão de unidades e áreas extras que são compartilhadas – como em uma pequena vila ou condomínio.
Além disso, outra importante distinção entre esses dois modelos é que, no coliving, a estrutura e a moradia são desenvolvidas e oferecidas como serviços imobiliários por empresas. Já no cohousing, os moradores estão mais envolvidos nas decisões, no planejamento e no desenvolvimento dos espaços e atividades.
Co-lares
Essa tendência está bastante favorável entre pessoas com mais de 60 anos, que têm preferido chamar suas casas compartilhadas de “co-lares”.
No Brasil, este modelo de residência compartilhada vem crescendo bastante nos últimos anos. O grupo Co-Lares Brasil organiza algumas dessas iniciativas.
O que move as tendências de cohousing e coliving?
O crescimento dos modelos de cohousing e coliving tem sido impulsionado por algumas transformações sociais, que fazem com que as pessoas busquem espaços alternativos para morarem.
É fundamental que empresas dos mercados imobiliários (leia aqui), de arquitetura e engenharia e construção compreendam esses movimentos para que possam aproveitar as oportunidades geradas por essas transformações do mercado e do consumidor.
1) Moradias mais acessíveis – A crescente urbanização, que resulta na falta de espaço e no aumento dos preços das moradias em grandes centros urbanos é um agente importante para a expansão desses movimentos.
Neste cenário, opções como o coliving oferecem uma forma mais acessível de morar em uma residência ampla, com uma estrutura completa, e dividir os gastos com os “vizinhos” de quarto.
2) Maior flexibilidade – Este modelo é especialmente interessante para jovens que estão buscando independência, mas querem ter mais flexibilidade – ou seja, não querem ficar presos a um financiamento de longo prazo. Além disso, profissionais liberais, que desejam ter mais mobilidade (os chamados “nômades digitais”) também são atraídos por opções como o coliving.
3) Busca por compartilhamento de ideias – O coliving também está bastante relacionado a outro movimento da economia colaborativa: o coworking, modelo de escritórios compartilhados. Neste sentido, a proposta de dividir alguns espaços em comum da moradia é um atrativo e tanto para profissionais com espírito empreendedor, que querem compartilhar ideias e conhecimento em busca de maior desenvolvimento pessoal e profissional.
4) Impacto ambiental menor – As pessoas estão cada dia mais conscientes sobre os danos causados no meio ambiente pelas suas escolhas de consumo. Os modelos de cohousing e coliving oferecem uma alternativa interessante nesse sentido. Ao compartilhar a moradia, os residentes diminuem a utilização de recursos, causando um impacto ambiental menor.
Estes são alguns dos motivos que fazem o cohousing e o coliving estarem cada vez mais em destaque no mundo inteiro.
5) Vida em comunidade – Movimentos como o cohousing, que intencionalmente proporcionam uma vida mais comunitária, são uma resposta para o isolamento causado pela vida moderna. Ao invés de viverem afastadas, trancadas e sozinhas, muitas pessoas veem na moradia compartilhada uma forma de ter acesso a um estilo de vida com mais interação social, com vizinhos/amigos próximos com os quais elas podem contar no dia a dia.
Estes são alguns dos motivos que fazem o cohousing e o coliving estarem cada vez mais em destaque no mundo inteiro.
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